quarta-feira, 19 de setembro de 2012

ENGESA EE-T4 OGUN. Tamanho não é documento!.


ORIGENS Por Anderson Barros

Na segunda metade dos anos de 1980, o Iraque, então governado por Saddam Hussein estava profundamente envolvido no conflito com o Irã. Para repor as perdas e modernizar seu exercito o governo iraquiano começou a reequipar seu exercito com novos equipamentos de diversos fornecedores como o carro de combate T-72 e PT-76 os veículos de combate de infantaria BMD-1, sistema de artilharia de foguetes BM-21 Grad de origem soviética, Obuseiros GHN-45 155 mm da Áustria e os Astros II , EE-11 Urutu e EE-9 Cascavel do Brasil durante os estudos realizados para a obtenção dos novos equipamentos para o seu exercito o Iraque se interessou pelo projeto do blindado leve Wiesel projetado pela Porshe e fabricado pela MaK da então Alemanha Ocidental, era um veículo blindado leve, sobre lagartas que não possuía equivalentes classificado como “Airportable Armoured Vehicle”, uma novidade naquela época nos finais da “Guerra Fria”. Sua função era dotar as brigadas aerotransportadas do Exército da Alemanha Ocidental com um veículo blindado de reconhecimento e capaz de ser transportado e lançado a partir de aeronaves ou mesmo helicópteros pesados. O Wiesel alemão foi fabricado somente em duas versões. A primeira delas era um veículo anticarro, denominada TOW Al e a segunda estava equipada com um único canhão Rheinmetall MK 20 Rh 202 de 20mm. No entanto, os iraquianos foram surpreendidos pela recusa do governo alemão em vender o seu novo blindado fora do âmbito dos países da OTAN. A solução era buscar outro veiculo, em outro país.Acima: O pequeno veículo blindado Wiesel alemão, embora similar em proposta ao EE-T-4 Ogun, era menos capaz, e a Alemanha não permitiu sua venda ao Iraque, nação que precisava de um blindado com aquelas características e que já tinha se tornado um grande cliente da empresa brasileira Engesa.

UMA OPORTUNIDADE PARA A ENGESA.


Na segunda metade dos anos 80 a ENGESA – Engenheiros Especializados S/A já havia se firmado como uma grande companhia na aérea de defesa, sendo que seus principais produtos eram veículos militares sobre rodas. A empresa possuía clientes nos mais variados cantos do mundo, abrangendo desde a América do sul passando pela África ate as areias dos desertos no Oriente médio. Em alguns casos a empresa possuía clientes chaves. Um desses casos era o Iraque. Autoridades militares do Iraque solicitaram a Engesa se a mesma seria capaz de projetar um veiculo blindado a partir dos requisitos do exercito iraquiano e que, em muitos pontos, possuía características semelhante ao projeto alemão Wiesel. Com o comprometimento da equipe de projetos da Engesa com outros programas (EE T-1 Osório e EE-18 Sucuri II) o novo veiculo se beneficiou em muitos pontos pois foram introduzidos os conhecimentos adquiridos nestes projetos. O projeto era muito avançado para seu tempo, visto que seu único concorrente era o próprio Wiesel e com uma particularidade, os dois projetos eram inteiramente diferentes, muito embora fossem contemporâneos.
Os estudos começaram e em maio de 1986 foi apresentado o primeiro protótipo destinado a ensaios mecânicos. Logo em seguida um segundo foi construído e enviado para testes naquele país, surgindo assim à necessidade de se efetuar diversas modificações que levaram à construção de um terceiro protótipo. Isto não impediu que ele fosse oferecido a outros países, cujas delegações visitavam a sede da Engesa em São José dos Campos, SP, onde ocorria uma série de demonstrações deste e dos demais veículos militares ali produzidos. Paralelamente a estes testes foi construído então um quarto protótipo bem mais elaborado que os outros três e equipado com uma torreta Engesa com duas metralhadoras 7,62mm, que foi apresentado na Primeira Exposição Internacional de Produtos Militares ocorrida em Bagdá em 1989, tendo o veículo permanecido para testes no país, quando em 1991 em decorrência da Guerra do Golfo, o mesmo foi deixado em Tikrit em um Quartel do Exército iraquiano e o pessoal da Engesa retornou ao Brasil e nunca mais tivemos notícia deste veículo. Com o agravamento da crise financeira da Engesa que logo em seguida pede concordata e tem sua falência decretada em 1995, o projeto do Ogum não foi levado adiante e dos quatro protótipos apenas um existe atualmente (o segundo protótipo) e se encontra em poder do Exército, lotado no 2º Regimento de Carros de Combate em Pirassununga, SP. Uma curiosidade é o fato de ter participado de uma concorrência em Abu Dhabi em 1988 e conseguido vencer tecnicamente o Wiesel nas provas ali realizadas, aliás, a mesma em que o EE-T1 Osório venceu o italiano Ariete, venceu no campo técnico mais acabou derrotado no político.Acima: O Ogun tinha por objetivo fornecer um blindado ao exército iraquiano que demonstrou interesse neste tipo de viatura e ao mesmo tempo encontrou a recusa alemã em fornecer o blindado Wiesel, já no mercado a algum tempo.

PROTEÇÃO


A estrutura do veiculo era formada por um monobloco composto por chapas de aço bi metálicassemelhantes às utilizadas nos blindados sobre rodas 6x6 Urutu e Cascavel, de alta resistência o que lhe dava uma resistência estrutural com ângulos de incidência e baixa silhueta o que garantia uma proteção balística efetiva, segundo o fabricante, contra o calibre 7,62mm AP. Ainda falando da proteção do Ogum, a Engesa estudou a possibilidade de instalar o EE T-4 Ogum a blindagem que foi desenvolvida para o Osório que e era formada por um composto de aço, cerâmica, alumínio e fibra de carbono esse material, somado aos ângulos do desenho do Ogum lhe garantiram uma plena capacidade contra projéteis de até 14,5 mm. Porém foi descartada por ser um veiculo pequeno devido às necessidades de se manter o baixo peso para ser transportado e lançado a partir de aeronaves de transporte ou mesmo helicópteros pesados.Acima: O quarto protótipo do Ogun já mostrava pontos aperfeiçoados em relação aos três antecessores. O modelo da foto apresenta uma torre com duas metralhadoras em calibre 7,62X51 mm. A proteção blindada garantia resistência a impactos de munições de calibre 7,62 mm, mesmo as perfurantes de blindagem.

PROPULSÃO


A opção inicial era por um motor da empresa alemã MTU. Que possuía instalações no Brasil (pois a Engesa acreditava que no futuro o Exercito brasileiros pudesse adquiri-lo). Porém, a Engesa acabou declinando desta opção em função do seu alto custo. A segunda opção foi a instalação do motor do próprio Wiesel um motor Audi 2,5 litros 5 cilindros turbo diesel 85 cv porém esse motor foi descartado pela Engesa pelo fato de ainda estava sendo desenvolvido. A escolha definitiva recaiu sobre o propulsor Perkins modelo QT 20 B4236 diesel quatro tempos, turbinado, quatro cilindros em linha, 125 HP, transmissão automática Alisson modelo AT 545, quatro marchas à frente e uma à ré, o que lhe dava uma autonomia de 350 km, em estradas a uma velocidade de 70 km/h. Já os dois últimos protótipos foram equipados com motor BMW modelo M21D24WA-LLK, diesel de seis cilindros, bem mais leve e com potência de 130HP, raio de ação de 360 km e uma velocidade de 75 km/h. Sua suspensão é do tipo barras de torção com três amortecedores de cada lado. As lagartas são alemãs Diehl com sapatas removíveis, guiadas pelo centro com duplo pino emborrachado, o que lhe dá baixa pressão sobre osolo. 
Acima: O Ogun não é anfíbio, mas consegue transpor rios com profundidade de 67 cm.


VERSÕES E ARMAMENTOS

A idéia da Engesa era que o EE T-4 Ogum constituísse uma família de blindados em várias versões que seriam baseadas sobre o mesmo chassi, permitindo assim uma economia importante, na medida em que os clientes podem comprar um maior número de unidades para diversas missões podendo assim se beneficiar da economia de escala e assim diminuir os preços de cada veiculo. A logística da manutenção é também muito facilitada. A versão inicial solicitada pelo exercito iraquiano era de um veículo de reconhecimento dotado de armamento leve. Porem a Engesa propôs as seguintes versões: Veículo Transporte de Pessoal (APC) com capacidade para quatro soldados equipados mais o motorista armado com uma torreta com uma metralhadora. 50 ou calibre 7,62 mm em suporte simples; Veículo com canhão de 20mm (o que da maior poder ofensivo nas missões de reconhecimento); Veículo com torre para duas metralhadoras 7,62mm; Veículo de reconhecimento com metralhadora .50 em torre giratória; Veículo transporte de munição; Veículo comando; Veículo Ambulância com capacidade para três feridos, Veículo porta-morteiro 120mm; Veículo anti-tanque lançador de mísseis ( equipado com uma torre dotada de dois mísseis). Todos os veículos da família Ogum seriam equipados com Além do armamento descrito acima, todas as versões do Ogum seriam equipadas com tubos lançadores de granadas fumígenas que poderiam ser lançadas individualmente ou em grupos para fornecer uma cortina de fumaça diminuindo a visibilidade do Ogum para seus inimigos na hora que estivessem em combate.          
 
Acima: As cinco configurações de missão e seus armamentos mostram que o Ogum, mesmo sendo um projeto antigo, já mostrava uma certa modularidade, muito comum em projetos que apareceram 10 anos depois.


FICHA TECNICA
Velocidade máxima: 75 Km/h.
Alcance máximo: 360 km.
Motor: Um motor Perkins modelo QT 20 B4236 diesel quatro tempos, turbinado, quatro cilindros em linha, 125 HP
Peso: 4 toneladas.
Comprimento: 3,7 m.
Largura: 2,14 m
Altura: 1,35 m.
Tripulação: 4
Inclinação frontal: 60º
Inclinação lateral: 30º
Passagem de vau: 670 mm
Obstáculo vertical: 60 mmArmamento: metralhadora .50 ou calibre 7,62mm, canhões 20mm lançadores de mísseis.

Fonte e Dedicação: Campo de Batalha Terrestre 

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